Amamentação até os seis meses pode evitar leucemia na infância

Um estudo publicado no Journal of American Medical Association indica que a incidência de leucemia em lactentes amamentados foi 19% menor comparada àqueles que não foram amamentados.
O pediatra Paulo Taufi M. Jr. enfatiza a explicação dos pesquisadores de que o leite materno tem anticorpos que previnem doenças.

O câncer infantil é uma das principais causas de mortalidade entre crianças e adolescentes nos países desenvolvidos e a incidência aumenta 0,9% a cada ano. A leucemia é responsável por cerca de 30 % de todos os cânceres infantis e já foi demonstrado que a causa é genética, mas pouco ainda se conhece sobre os fatores que determinam a ocorrência das mutações ou que fazem com que estas deflagrem a doença.

Publicada em junho, no JAMA Pediatrics, uma nova análise de estudos antigos revela que crianças que receberam leite materno por pelo menos seis meses podem ter um risco menor de desenvolver leucemia na infância em relação àquelas que não foram amamentadas no peito.

O autor da nova análise foi Efrat L. Amitay, da Universidade de Haifa, em Israel. A especialista reuniu 18 pesquisas que abordavam mais de 10 mil casos de leucemia e 17,5 mil crianças que não tinham a doença. Tais estudos foram publicados entre 1960 e 2014.

Revisando os estudos, pesquisadores descobriram que crianças que eram amamentadas no peito por seis meses ou mais, tinham um risco 19% menor de desenvolver leucemia durante a infância, em comparação com as que não tinham sido amamentadas ou receberam leite materno por um período menor.

Em uma análise separada de 15 desses estudos, os pesquisadores perceberam que as crianças que foram amamentadas por qualquer período de tempo eram pelo menos 11% menos susceptíveis a desenvolver a doença, em relação àquelas que nunca haviam sido amamentadas.

O Prof. Dr. Paulo Taufi M. Júnior (CRM/SP 21.769), oncologista pediátrico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio-Libanês, destaca que os pesquisadores indicam que o leite materno contém anticorpos produzidos pela mãe que promovem uma comunidade saudável de bactérias no intestino das crianças e influenciam o desenvolvimento do sistema imunológico delas.

Outra possibilidade é que o leite materno mantém os níveis de pH no estômago das crianças em um patamar que promove a produção de proteínas benéficas chamadas HAMLET, que podem ter a habilidade de matar células do câncer. O leite materno também possui células-tronco que possuem propriedades similares às células-troncos de embriões, que podem ajudar o sistema imunológico na luta contra o câncer.

Fonte: http://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=2064

Seja você também uma doadora de Leite Materno!

Composta por 216 bancos de leite humano e 119 postos de coleta, a rede brasileira inspira criação de modelos semelhantes em toda a América Latina.

Amamentar significa mais do que garantir a saúde do bebê em seus primeiros meses de vida. Representa um ato de amor que contribui sensivelmente para que a criança tenha um bom desenvolvimento e se torne um adulto também saudável. Além disso, traz uma série de benefícios para a saúde das mães. 

Por motivos como esses, há anos o Brasil incentiva o uso do leite humano como alimento exclusivo da criança nos seis primeiros meses de vida e complementado com alimentos adequados até os dois anos de idade ou mais. Esse trabalho rendeu ao país resultados importantes e agora inspira experiências em toda a América Latina.

Há 216 bancos de leite humano no Brasil. Eles atendem bebês prematuros ou doentes que não conseguem se alimentar diretamente no seio materno. Nessas condições, a produção do leite materno também diminui, pela ausência do estímulo e pela situação de estresse enfrentada pelas mães.

Enquanto isso não acontece, o banco de leite humano funciona para garantir a alimentação adequada dessas crianças. A Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (REDEBLH), que integra o Sistema Único de Saúde (SUS), oferece seus serviços gratuitamente à população. A criança recebe o alimento na unidade onde está internada. O período de dependência em relação ao banco de leite pode variar de dias a meses, conforme o peso de nascimento e as condições de saúde.

A maioria das mães produz leite em excesso, especialmente do terceiro ao quinto dia após o parto. Toda mulher saudável que esteja amamentando pode doar leite, sem que isso traga algum tipo de prejuízo para o filho. Ela deve dirigir-se a uma unidade de saúde para se informar sobre locais onde existem os bancos. Em alguns municípios, há a possibilidade de coleta em casa.

Para fazer a doação, as mulheres devem gozar de saúde plena. Portadoras de doenças infectocontagiosas, como a AIDS, não podem doar e nem mesmo amamentar o filho. O risco de transmissão do vírus é alto. Antes da possível coleta, as doadoras têm de mostrar o cartão de acompanhamento pré-natal e passar por uma avaliação clínica. Também não podem beber, fumar e tomar medicamentos.

Quando o leite chega ao banco, passa por um rigoroso controle de qualidade. O primeiro passo é a pasteurização, que elimina bactérias e vírus. Depois disso, o alimento é congelado e submetido a um teste de controle microbiológico, para checar a efetividade da pasteurização. Só depois de aprovado nessa última fase, o leite é liberado para consumo.

O sucesso da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano, coordenada pelo governo brasileiro, estimulou outros países a tentarem implementar modelo semelhante.

A amamentação é a maneira natural de alimentar as crianças nos primeiros anos, apresentando muitas vantagens para o bebê e para a mãe.  O leite materno é tão completo, forte e adequado, que a criança não precisa de outro alimento, nem mesmo da água, até os seis meses de idade. A amamentação funciona como a primeira vacina e protege o bebê contra várias doenças. Depois dessa idade, o leite materno deve ser mantido até os dois anos ou mais, já acompanhado de outros alimentos, como legumes, verduras, tubérculos, leguminosas, carnes, cereais e frutas.

Os benefícios da amamentação valem por toda a vida. Crianças que mamam no peito correm menos risco de ter infecções urinárias, diarreias, doenças respiratórias e outras, que podem levar a internações ou à morte. A criança amamentada adequadamente terá menos chance de desenvolver problemas como diabetes, má oclusão dos dentes, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Para as mulheres, a amamentação também traz benefícios, como reduzir o sangramento após o parto e diminuir a incidência de anemia, de câncer de mama e ovário e de osteoporose. E ainda é um excelente aliado da mãe para recuperar seu peso normal.

Como doar?
Se você quer doar seu leite entre em contato com um Banco de Leite humano. Veja o BLH mais próximo de você. (http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=393)

Como preparar o frasco para coletar o leite humano?
- Escolha um frasco de vidro com tampa plástica, pode ser de café solúvel ou maionese;
- Retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lave com água e sabão, enxaguando bem;
- Em seguida coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com água, deixando ferver por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura);
- Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar de boca para baixo em um pano limpo;
- Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue; 
- Você poderá usar quando estiver seco.

Como se preparar para retirar o leite humano (ordenhar)?
O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias.
Ao retirar o leite é importante que você siga algumas recomendações que fazem parte da garantia de qualidade do leite humano distribuído aos bebês hospitalizados:
1- Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais;
2- Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço;
3- Evite conversar durante a retirada do leite ou utilize uma máscara ou fralda cobrindo o nariz e a boca;
4- Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque em uma toalha limpa.

Como retirar o leite humano (ordenhar)?
Comece fazendo massagem suave e circular nas mamas.

Massageie as mamas com as polpas dos dedos   começando na aréola (parte escura da mama) e, de forma circular,  abrangendo toda mama.

É ideal que o leite seja retirado de forma manual:

- Primeiro coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama);
- Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo;
- Comprima suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair;
- Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.

Se você estiver com dificuldade de retirar seu leite, procure apoio no Banco de Leite Humano mais próximo de você.

Como guardar o leite retirado para doação?

O frasco com o leite retirado deve ser armazenado no congelador ou freezer. Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado e ao terminar acrescente este leite no frasco que está no freezer ou congelador. O leite pode ficar armazenado congelado por até 15 dias.

O leite humano doado, após passar por processo que envolve seleção, classificação e pasteurização, é distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades neonatais.

Fonte: http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=397#