DIABETES GESTACIONAL
CADA VEZ MAIS FREQUENTE ENTRE ÀS GESTANTES BRASILEIRAS
O Diabete Melito Gestacional (DMG) é considerado o distúrbio metabólico mais comum na gestação, com prevalência entre 3% e 13%. No Brasil, a prevalência de DMG em mulheres com idade superior a 20 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi de 7,6%.
A gestação é caracterizada por alterações metabólicas e, dentre elas, a resistência à insulina, caracterizando estado de alta produção deste hormônio em resposta à ação de outros hormônios. Esses hormônios “diabetogênicos”, entre eles progesterona, cortisol, prolactina e lactogênio placentário, agem diretamente antagonizando a ação da insulina ou, indiretamente, diminuindo a sensibilidade à insulina em células, tecidos e órgãos.
Diabete Gestacional é definida como qualquer grau de intolerância à glicose, de início ou primeiro reconhecimento na gravidez. Esta condição pode ou não persistir após o parto e não exclui a possibilidade da intolerância à glicose ter antecedido ou iniciado concomitantemente à gravidez.
Alguns autores alertam para o fato de que mulheres portadoras de intolerância à glicose e hiperglicemia, apresentam padrão metabólico alterado, com valores mais elevados de Índice de Massa Corporal (IMC) e triglicérides, hipertensão arterial e níveis mais baixos de HDL-colesterol, quando comparadas a mulheres normoglicêmicas.

A dieta da paciente com diabete melito gestacional pouco difere-se das demais gestantes, onde uma distribuição equilibrada dos macronutrientes deve ser sempre priorizada, podendo variar de acordo com as considerações específicas para cada macronutriente. Recomenda-se, para as gestantes, que os carboidratos devam perfazer um total de 45 - 65% do Valor Energético Total (VET), as proteínas 15 - 20% (com um adicional diário de 10g ou 1,1g/kg de peso pré-gestacional/dia, com a ingestão total recomendada de 71g/dia) e os lipídios de 20 - 35%, sendo que menos de 7% do total de lipídeos na forma de gordura saturada e que a ingestão de colesterol diária seja inferior a 200mg. A necessidade de vitaminas e minerais e aporte de fibras (20-35g/dia ou 14g/1000kcal) é semelhante ao recomendado para gestantes não acometidas pelo diabete.
A American Dietetic Association (ADA) destaca que as gestantes com DMG, não devem ter prescrições dietéticas muito restritas em carboidratos, e não deve possuir um quantitativo inferior a 130g por dia, com a finalidade de melhor controle glicêmico, pois pode trazer efeitos deletérios às gestantes. Os carboidratos provenientes dos alimentos integrais, das frutas, dos vegetais e dos produtos lácteos com menor teor de gordura devem ser priorizados.
Dietas com consumo de carboidratos controlados e cuidadosa distribuição destes ao longo do dia são capazes de controlar a glicemia materna, prevenir a macrossomia e reduzir a necessidade de insulina. Os edulcorantes liberados para utilização pela população em geral, inclusive para gestantes, são acesulfame K, aspartame, neotame, sacarina e sucralose. Recomenda-se o uso moderado de edulcorantes pois não existem estudos conclusivos, realizados em humanos, sobre sua segurança na gestação. Deve-se e evitar o consumo de alimentos diet e adoçantes à base de frutose, sorbitol, stévia e ciclamato.
A adesão ao plano alimentar saudável, atendendo aos princípios de quantidade, qualidade, padrão das refeições e adequação do ganho de peso, é fundamental para o bom controle glicêmico, contribuindo para a incorporação de adequado estilo de vida, mesmo após o término da gestação.
Reis, LSM; Silva, APR; Calderon, IMP. Acompanhamento nutricional no diabete melito gestacional. Com. Ciências Saúde, 2011.