Bactérias do Intestino da Mãe Estimulam o Sistema Imunológico do Feto





A nutrição é um fator fundamental para que o crescimento e o desenvolvimento do ser humano ocorram de acordo com a programação genética individual. Desde a vida intra-uterina, quando o feto recebe influência direta das condições nutricionais maternas e dos componentes da dieta durante a gestação, até o fim da adolescência, é inquestionável o papel da nutrição para assegurar as condições de saúde gerais do indivíduo.

Estudos demonstram que o estado nutricional perinatal influencia a suscetibilidade do adulto a doenças crônicas como o diabetes mellitus tipo 2, a doenças cardiovasculares, à obesidade e ao câncer . Com base nisso, abrem-se novas perspectivas para a modulação dessa resposta a partir de modificações alimentares da gestante, com o intuito de prevenir a ocorrência de doenças futuras.

Nos últimos anos, descobertas científicas têm intensificado o importante papel que as bactérias colonizadoras do intestino desempenham sobre o sistema imunológico. Um estudo da Universidade de Berna, na Suíça, evidenciou essa relação e mostrou que não é apenas a microbiota do indivíduo que molda suas células de defesa. As bactérias intestinais da mãe também estimulam o desenvolvimento imune do feto, um mecanismo de proteção então desconhecido.
Especula-se que a presença de componentes da microbiota materna no feto intra-útero, seja uma importante fonte de maturação do sistema imune fetal levando à indução de tolerância à alérgenos orais e respiratórios.

Antes, acreditava-se que o desenvolvimento da microbiota intestinal iniciava-se ao nascimento, influenciado pela composição da microbiota fecal materna, que é transferida ao recém-nascido durante o parto, especialmente o vaginal, e nos primeiros contatos entre a mãe e o bebê.  Ou seja, acreditava-se que o útero era um ambiente completamente estéril. Em 2007, porém, pesquisadores do Hospital Infantil do Texas, nos Estados Unidos, começaram a desconfiar dessa teoria. Afinal, com sete dias de vida, o bebê já carrega no intestino uma vasta e complexa flora bacteriana. Mesmo entrando em contato com micro-organismos no momento do parto, isso não seria o suficiente para colonizá-lo tão efetivamente — ainda mais considerando que uma boa parte das crianças vem ao mundo por cesária, não entrando em contato com a pele e os fluidos maternos.

A composição da microbiota intestinal do recém-nascido é influenciada por uma complexa variedade de fatores fisiológicos, culturais e ambientais incluindo: • Tipo de parto • Idade Gestacional (IG) na data do parto • Ambiente familiar, estilo de vida da família e higiene ambiental • Dieta materna e do recém-nascido • Nível do estresse materno • Doenças maternas e neonatais • Uso de antibióticos durante a gravidez e/ou no período neonatal.

Cientistas detectaram bactérias no fluido amniótico, no sangue do cordão umbilical, na membrana que embala o feto e até mesmo no mecônio, a primeira evacuação do recém-nascido.

É interessante o modo como as bactérias atingem a placenta e glândulas mamárias. Começa com o achado de material genético das bactérias entéricas maternas em células mononucleares do sangue e no leite de mulheres grávidas. O aleitamento materno promove a colonização bacteriana intestinal, principalmente por bifidobactérias.
Podemos dizer então, que existe um “imprinting epigenético” fetal através da translocação bacteriana durante a gravidez, que fornece à prole um microbioma pioneiro intra-útero.



Concluímos que uma ótima composição e função da microbiota intestinal podem repercutir nos processos digestórios, absorção de nutrientes, defesa contra enteropatógenos, desenvolvimento de uma boa resposta imune, saúde biopsicossocial, controle metabólico e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis. A modulação da microbiota intestinal – MATERNA - com intervenções utilizando prebióticos e/ou probióticos poderá prevenir e tratar uma variedade de patologias incluindo as atopias, infecções, desordens gastrintestinais, alterações no humor e doenças metabólicas como a obesidade.

Amamentar durante a gestação e em tandem é seguro?

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Está cientificamente provado que a sobreposição de gravidez e amamentação não afeta negativamente o desenvolvimento fetal. Também não há evidência científica de que a amamentação durante a gravidez aumenta as chances de ter abortos ou nascimentos prematuros. O que sim está documentado é o fato de que a estimulação do mamilo durante a gravidez provoca contrações. Isso por causa da Ocitocina (hormônio do amor), que em teoria causaria as contrações. Porém, ela só é liberada no início da mamada e permanece no sangue após alguns minutos. Mas é importante reforçar a recomendação de suspender a amamentação na gestação se houver ameaça de aborto ou parto prematuro. 

O desmame pode acontecer naturalmente. Isso se deve a basicamente três motivos: a idade da criança que já está avançada para o desmame, o sabor do leite que fica mais parecido ao colostro, e a sensibilidade nos mamilos. 

Na amamentação em tandem, é possível amamentar tanto o bebê recém-nascido, como o irmão mais velho, sem que haja prejuízo para ambos. Nesse caso, a mãe terá de organizar as mamadas entre os dois filhos. A preferência na mamada deverá ser sempre o recém-nascido, já que o mais velho já faz uso de alimentação complementar. 

Amamentar filhos de idades diferentes também não traz problemas nutricionais para nenhum dos filhos. Amamentar um recém-nascido sozinho ou em tandem praticamente não tem diferença, e existem muitos benefícios para o bebê maior e para o caçula pois ambos vão receber os nutrientes tanto do colostro como do leite maduro. 

Vale lembrar que o peito não é estoque, e sim fábrica. Portanto, quanto mais estimular, mas leite será produzido.